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Patrimônio da Humanidade e ponto de referência cultural da Bahia, o Pelô tem sido mais lembrado pelos casos de violência

O menino do Pelô toca o berimbau em frente a uma das lojas da rua Gregório de Mattos para atrair a clientela. Mas, perto dali, nas ladeiras do Ferrão e Frei Vicente, outros "meninos" preferem tocar o terror entre os visitantes do Centro Histórico.
"Eles vêm andando atrás dos turistas a qualquer hora do dia e agem quando chegam nessas ruas, espalhando medo e sujando ainda mais a imagem do Pelourinho", lamenta o comerciante Carlos Augusto. A rua e as ladeiras são apenas três dos 42 pontos críticos relacionados pela Associação dos Comerciantes do Centro Histórico (Acopelô) em uma carta enviada, em fevereiro, ao secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa.
Além dos pontos, o documento informa quais delitos são praticados com mais frequência em cada uma das vias do Pelourinho e os dias mais perigosos - terça, sexta, sábado e domingo. A relação abrange áreas das praças Castro Alves e Tomé de Sousa, o Terreiro de Jesus e os largos do Pelourinho e do Carmo.
Domingo passado, a rua Gregório de Mattos foi palco do embate entre gangues rivais das ruas do Gravatá e 3 de Maio. Durante um show da banda Olodum, no Largo Pedro Archanjo, o traficante Diogo Santos da Silva, 21 anos, conhecido como Pé de Bolo, foi morto a tiros por outro traficante, identificado por policiais apenas pelo prenome Willian. O corpo de Diogo foi sepultado ontem, no cemitério Quinta dos Lázaros.
CONFIRA O MAPA DOS DELITOS
Prejuízo - O conflito entre traficantes, que vem assustando o Centro Histórico, e os recorrentes roubos causam prejuízo aos comerciantes e moradores. "Essa é uma área que vive, praticamente, da atividade comercial. Da rua Chile até o Carmo tínhamos 360 lojas abertas há seis anos. Hoje, apenas 190 funcionam. Vários lojistas estão em processo de falência em função da falta de segurança – que espanta os visitantes - e muitos já foram embora", diz Lenner Cunha, presidente da Acopelô.

A criminalidade já afetou até um ícone da nossa cultura. Elaine Barreto, baiana que posa para fotos com os turistas, já sentiu o baque. "Ontem (anteontem) foi um dia morto. Um lugar como este, que respira história, está às moscas e a gente já não sabe mais o que fazer", afirma.

A rua 3 de Maio, onde Pé de Bolo era considerado o maioral, é ponto de furtos constantes e serve como rota de fuga para os bandidos, segundo a Acopelô. Ali, um empresário do ramo de eletrônicos, que pediu anonimato, tenta resistir. "O crime é intenso nessa área. Canso de ver ladrão agir na Praça da Sé e correr por aqui para se esconder. Enquanto isso, quem sobra sou eu, porque meus clientes já deixaram de vir".

Assaltos - A rua Saldanha da Gama, caminho para os estacionamentos, é apontada como ponto de assaltos a condutores, mesmo com veículos em movimento. Atendente de uma loja de som, Érico Souza relata o que vê: "A questão é o tráfico. Eles não têm pudor nenhum. Já vi gente ser assaltada dentro do carro. Há quem peça comida e quando alguém dá, ele vai lá e troca por droga".

Jorge Alves, dono de uma lavanderia na Ladeira do Carmo, vê seu comércio perdendo espaço por causa da falta de segurança. "As próprias pousadas já instalaram lavanderias  para evitar que os clientes saiam. Está difícil alguém trazer roupas aqui", conta. Logo em frente, Juliana Sousa, mulher do pintor Agnaldo Silva, relata que no domingo passado duas telas foram roubadas no ateliê. "Colocamos duas telas para enxugar e, quando fomos ver, tinham levado".

Medo - O casal já pensou em deixar o Pelô. "Teve um cliente que saiu daqui e foi assaltado no pé da ladeira e ficou com medo de voltar. Se a gente deixar as portas abertas, eles (os bandidos) entram e roubam. Cada dia vai piorando", afirma Juliana. Na Guedes de Brito – ponto de fuga e diversos assaltos -, um carteiro contou que até a antiga agência dos Correios já foi assaltada. "Não liberam nada", resumiu.
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