Especial Irmã Dulce: Após morte, ‘filhos’ de todas as classes se despediram em dia histórico
A religiosa partiu após lutar contra uma doença que comprometia sua capacidade respiratória e, por 16 meses, a manteve refém de aparelhos.
Naquela tarde, os sinos dobrados na Basílica do Bonfim anunciaram o que muitos esperavam e ninguém queria: Irmã Dulce estava morta. O toque aos finados que descia a Colina Sagrada ganhou cada beco da Cidade Baixa, ecoou no Porto da Lenha, entrou pelo Dendezeiros, parou o trânsito e arrastou o povo para as ruas. Era hora de se despedir da Mãe dos Pobres.
No braços da multidão. Assim ficou o caixão com o corpo de Dulce antes do sepultamento
Às 16h45 do dia 13 de março de 1992, uma sexta-feira, Irmã Dulce parou definitivamente de respirar, aos 77 anos. Partiu após lutar contra uma doença que comprometia sua capacidade respiratória e, por 16 meses, a manteve refém de aparelhos.
Antes que a noite caísse, uma multidão já havia se juntado na porta do Convento Santo Antônio. “Ela passou por uma longa agonia e havia a expectativa pela notícia. Então a comoção foi geral”, diz o padre Walter Andrade, reitor da Basílica do Bonfim na época da morte de Irmã Dulce.
Hoje à frente da Paróquia da Purificação, em Santo Amaro, no Recôncavo, Padre Walter lembra daqueles dias. “Foi um corre-corre em direção ao convento, mas não dava pra entrar todo mundo, então muita gente ficou em vigília do lado de fora e dali mesmo saiu acompanhando o caixão no dia seguinte”.
Na manhã de sábado, a Marcha Fúnebre executada pela Banda Marcial da Marinha deu a partida no caminhão dos bombeiros que levou o caixão até a Basílica da Conceição da Praia. No caminho, mais sinos dobrados, agora na Igreja dos Mares.
Cortejo
As principais avenidas da Cidade Baixa foram interditadas para dar espaço à multidão. Na caminhada, que reuniu cerca de 6 mil pessoas, muitos “filhos” de Irmã Dulce - mendigos, deficientes, pobres, velhos e jovens.
“Quase um cortejo do Bonfim às avessas”, define o cirurgião Taciano Campos, atual diretor médico das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), que também caminhou do Largo de Roma até o Comércio. “Foi uma apoteose. A praça em frente à Conceição da Praia ficou apinhada de gente”, lembra doutor Taciano.
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