De acordo com o ministro do Esporte, que depôs hoje ao Senado, o policial que o denunciou é, na verdade, quem deve devolver o dinheiro
O ministro do Esporte, Orlando Silva, afirmou durante audiência pública no Senado, nesta quarta-feira, que o policial militar João Dias Ferreira "é o corrupto" e que "ele deve devolver o dinheiro público desviado". O PM acusa o atual ministro de participar de um esquema de recebimento de propina a partir de fraude em contratos do Programa Segundo Tempo.
"Quem possui provas sou eu", disse Orlando Silva. Segundo ele, os ataques feitos pelo agente da polícia são baixos e não são reais. Nessa terça-feira, Ferreira disse que “vão surgir em breve” as provas que comprovam a participação do ministro do Esporte no esquema. O policial se reuniu com senadores e deputados de partidos da oposição ao mesmo tempo em que Orlando Silva prestava esclarecimento na Câmara dos Deputados.
O ministro afirmou que seu depoimento ao Senado deve "desmascaram fraudes" e voltou a reforçar que não há nenhuma gravação de sua voz ou imagem. Em uma de suas respostas ele disse, ainda, que pretende processar os "caluniadores" e que este tipo de denúncia quer apenas "tirar mais um ministro do poder".
As acusações
Em entrevista à revista Veja, o policial disse que o PCdoB (Partido Comunista do Brasil) teria organizado uma estrutura dentro da pasta com o objetivo de desviar dinheiro público usando ONGs como fachada. Silva é apontado na matéria como mentor e beneficiário do esquema.
Ele contou à publicação semanal que o esquema funcionava desde que o ministro do Esporte era o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Na época, Orlando Silva era secretário executivo da pasta.
De acordo com a nota, Ferreira é o responsável pela Associação João Dias de Kung Fu e da Federação Brasiliense de Kung Fu, entidades com as quais o ministério firmou dois convênios, em 2005 e 2006, para que crianças e jovens fossem atendidos pelo Programa Segundo Tempo.
Ainda conforme o ministério, como os contratos não foram cumpridos, o repasse de dinheiro público previsto foi suspenso. Além disso, em junho de 2010, Orlando Silva determinou a instauração de uma Tomada de Contas Especial, enviando o processo ao TCU (Tribunal de Contas da União).
Na reportagem, “Veja” também informa que Ferreira é apontado como o responsável pelo desvio de cerca de R$ 2 milhões que deveriam ter sido usados na compra de material esportivo e alimentos para crianças carentes. O ministério confirma que está exigindo, na Justiça, que as entidades dirigidas pelo policial devolvam R$ 3,6 milhões aos cofres públicos.
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