As greves e o governo Dilma Rousseff

Professora diz que últimas paralisações não surpreenderam e ainda afirma que a presidente manteve um distanciamento com os sindicatos



O Brasil se tornou o palco de diversas greves. Só nos últimos meses, o País presenciou a paralisação dos professores da rede pública, dos Correios, bancos e mais recentemente dos funcionários da Infraero.

A professora Roseli Aparecida Martins Coelho, da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), acredita que todas essas greves foram muito visíveis, mas a frequência com que elas aconteceram nos últimos tempos não causou surpresa.

“O crescimento econômico do País não é espetacular, mas tem sido constante nos últimos anos. O que ocorre é que ao mesmo tempo em que o momento da economia é de aquecimento, isso deveria refletir também nos salários dos trabalhadores, e muitas vezes não acontece. Por isso, apesar de estarmos acompanhando algumas greves nesses tempos, ainda acho que as reivindicações têm sido pouco numerosas e o número de classes trabalhadoras envolvidas nelas também”.

Os trabalhadores sabem que o lucro das empresas tem aumentado e a falta de um retorno destinado a eles implica em reinvindicações. “Principalmente nesses casos dos Correios e dos bancos, onde é nítido um “boom” no crescimento econômico. A classe trabalhadora ficou incomodada por ter acompanhado o quanto tem aumentado substancialmente o lucro dessas empresas, e como essa melhoria não chegou até eles”, diz.

Governo Dilma


No governo da presidente Dilma Rousseff, a orientação foi endurecer com greves onde haviam pedidos de aumentos salariais, como os dos grevistas dos Correios. A justificativa é que reajustes acima da inflação podem prejudicar o esforço do Planalto de conter o avanço dos preços - que afeta a todos e pode realimentar novos pedidos de aumento de salários.

Roseli acha precipitado afirmar que a presidente Dilma é mais rígida nessas questões do que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “É certo que os dois lidam com as greves de modos diferentes. O Lula estabeleceu uma relação muito próxima com os sindicatos, onde ele próprio conversava com os sindicalistas. Dilma mantem um distanciamento maior, e isso pode ter influenciado na duração das paralisações”, afirma.

Relembre as greves

Correios
Os trabalhadores dos Correios entraram em greve no dia 14 de setembro e atingiu 24 Estados. Os grevistas reivindicavam aumento salarial de R$ 400, reajuste do vale-refeição e do vale-alimentação, piso salarial de R$ 1.635 e reposição da inflação de 7,16%.

Depois de 28 dias de paralisação, os trabalhadores dos Correios voltaram às atividades. Foram descontados sete dias na folha de pagamento dos grevistas e eles terão que compensar 21 dias com horas extras.

Bancos
Os bancários deflagraram greve nacional no dia 26 de setembro e a paralisação atingiu bancos públicos e privados. Os bancários reivindicaram 12,8% de reajuste, sendo 5% de ganho real, e aumento do piso para R$ 2.297,51 (segundo os trabalhadores, pela proposta da Fenaban, o piso subiria para R$ 1.350,00). O PLR pedido é de três salários acrescidos de R$ 4,5 mil.

A Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) estabeleceu reajuste de 9% sobre os salários e de 12% sobre o piso da categoria. O valor do piso sobe de R$ 1.250 para R$ 1.400. Os bancários vão receber da instituição em que trabalham até 2,2 salários por ano, a título de PLR (Participação nos Lucros e Resultados).

Pelo acordo, a categoria conquistou aumento real de 1,5%, e para o piso da categoria, o aumento real foi 4,3%. Os bancários vão repor os dias de paralisação até 15 de dezembro, o que afastou a possibilidade de desconto dos dias parados.

Infraero
Em protesto contra os planos do governo de privatizar três dos maiores aeroportos brasileiros, os funcionários da Infraero iniciaram no dia 20, uma greve em Viracopos (Campinas, no interior de São Paulo), Guarulhos (São Paulo) e Juscelino Kubitschek (em Brasília, no Distrito Federal).

Depois de uma paralisação de 38 horas, os funcionários da Infraero retornaram às atividades na sexta-feira, dia 21. O retorno foi definido após um acordo com o governo para retomar as negociações sobre as reivindicações dos aeroportuários com relação às concessões.
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