Assaltos constantes apavoram população e mudam rotina no bairro da Pituba, onde circulam milhares de pessoas todos os dias. Situação é intolerável e a polícia precisa agir rápido
Abordada pela equipe do CORREIO na avenida Manoel Dias da Silva, na Pituba, uma mulher entra em pânico, tenta se esquivar, fugir. Segundos depois, ao perceber que era apenas uma equipe do jornal, topa falar e, ainda esbaforida, explica a reação. “Estou completamente apavorada! Moro aqui perto e onde vou ouço alguém dizendo que foi roubado. Venho ao banco correndo, vivo com medo. Saco pouco dinheiro para não chamar atenção, mas morro de medo de ser mais uma vítima”.
Após o relato desesperado, pede que o CORREIO não a identifique, mesmo sem o fotógrafo ter feito qualquer gesto para tentar registrar sua imagem. “Não me filme! Não tire minha foto pelo amor de Deus! Não posso nem dizer meu nome porque é francês, diferente. Você entende?”.
O pavor do diálogo também pode ser traduzido em números. A titular da 16ª Delegacia de Polícia, Jussara Souza, diz que as avenidas Tancredo Neves e Manoel Dias são campeãs em saidinhas bancárias. “Entre janeiro e agosto foram registrados 21 casos na Pituba”, diz. O número do delegado plantonista da mesma delegacia é mais robusto. “Posso dizer que atendo, em média, cinco casos por semana só na Manoel Dias”, revela. Jussara afirma que muitos não prestam queixa. “É importante fazer a denúncia para colaborar com as estatísticas da polícia”, diz.
A violência é tão constante que vigilantes da área dizem que quase todos os dias veem abordagens. “Isso não é mais surpresa. Sempre vejo uma moto parar com alguém armado puxando um pacote ou envelope de alguém. Teve uma vez que vi no mesmo dia três saidinhas, acredita? Moro em Itinga e prefiro mil vezes andar por lá do que aqui”, diz o segurança Raimundo Neri Ferreira.
Após o relato desesperado, pede que o CORREIO não a identifique, mesmo sem o fotógrafo ter feito qualquer gesto para tentar registrar sua imagem. “Não me filme! Não tire minha foto pelo amor de Deus! Não posso nem dizer meu nome porque é francês, diferente. Você entende?”.
O pavor do diálogo também pode ser traduzido em números. A titular da 16ª Delegacia de Polícia, Jussara Souza, diz que as avenidas Tancredo Neves e Manoel Dias são campeãs em saidinhas bancárias. “Entre janeiro e agosto foram registrados 21 casos na Pituba”, diz. O número do delegado plantonista da mesma delegacia é mais robusto. “Posso dizer que atendo, em média, cinco casos por semana só na Manoel Dias”, revela. Jussara afirma que muitos não prestam queixa. “É importante fazer a denúncia para colaborar com as estatísticas da polícia”, diz.
A violência é tão constante que vigilantes da área dizem que quase todos os dias veem abordagens. “Isso não é mais surpresa. Sempre vejo uma moto parar com alguém armado puxando um pacote ou envelope de alguém. Teve uma vez que vi no mesmo dia três saidinhas, acredita? Moro em Itinga e prefiro mil vezes andar por lá do que aqui”, diz o segurança Raimundo Neri Ferreira.
Dinheiro na meiaCom os assaltantes tomando conta da área, a rotina dos comerciantes da avenida Manoel Dias foi alterada. “Depois que fui roubado, faço saques em dupla. Agora entro na agência e um colega fica na porta observando o movimento. Só saio quando a sinaleira fecha. Aí corremos parecendo dois malucos até a loja”, relata o aplicador de piercing Adriano Teixeira, que precisa fazer a operação ao menos uma vez por mês.
Ele relata que, quando foi roubado, os assaltantes já sabiam onde o dinheiro estava escondido. “Eu tinha dividido o dinheiro no bolso e na meia. Quando anunciaram o assalto, dei o que estava no bolso e eles disseram: ‘agora passa o que está na meia’. Fiquei muito surpreso. Perdi R$ 2 mil referentes às comissões dos funcionários da loja”.
Proprietária de um restaurante há 16 anos no local, L.C. teve o estabelecimento arrombado quatro vezes, mas, apesar da violência no bairro, só parou de sacar dinheiro no banco quando testemunhou uma saidinha em seu estabelecimento. “Um cliente tinha feito um saque e sentou para almoçar. Uma moto parou, um cara desceu e entrou com uma arma. Disse que não queria mais nada, só o envelope que estava com o meu cliente. Foi um susto grande”, conta.
MedoPara a aposentada Maria Lis Silva, o prejuízo maior foi sua saúde. “Fraturei a bacia e hoje ando amparada e com dificuldade. Tinha sacado R$ 3 mil para comprar presentes para a família e quando saí do banco o motoqueiro me empurrou com força e puxou o envelope que estava na minha mão. Tenho medo de tudo agora”, relata.
Até o encarregado de produção José Henrique Figueiredo, que circula de moto pela cidade, ao avistar um outro motoqueiro, assusta-se achando que pode ser assaltado novamente. “Fui fazer um pagamento para a empresa que trabalho e quando saí fui abordado por um cara numa moto preta. Levaram R$ 2,4 mil. Agora, toda vez que uma moto chega perto dou um pulo de susto”, diz. Com tantos casos, José Henrique resume: “Isso aqui está um terror”.
Bandidos ligados no cliente ItaúÉ consenso entre todos que vivem ou trabalham na região da Pituba: clientes do banco Itaú são os mais abordados pelos bandidos, que normalmente agem em dupla e fogem de moto, ganhando velocidade em meio aos zigue-zagues do trânsito. Somente na avenida Manoel Dias há quatro agências do banco. “Tenho evitado pegar passageiros em frente a esse banco porque é esparro na certa. A maioria dos incidentes acontece lá”, relata um taxista.
A titular da 16ª Delegacia de Polícia, Jussara Souza, diz que está investigando por que o banco é o alvo preferido dos bandidos. “Ainda não sabemos o motivo. Pode ser por uma falta de segurança do próprio banco. O impressionante é que todos que prestam queixa reclamam do tratamento na agência. Estamos investigando a relação dessas informações com o número de ocorrências”, afirma.
PatroaProcurado pelo CORREIO, o Itaú enviou uma nota em que afirma tomar todas as medidas necessárias para proteger os clientes: “O Itaú informa que cumpre todas as normas de segurança determinadas pelos órgãos reguladores, mantém contato com a Polícia Militar para reforço do policiamento na região e está sempre atento a melhorias que ampliem a segurança de seus clientes e colaboradores”.
A diarista Lívia Santos retira dinheiro no caixa eletrônico somente se precisar muito e recusa-se a fazer o serviço para a patroa. “Ela faz tudo pela internet, mas as vezes me pede para ir ao banco. Já avisei que não vou. Tenho medo. Uma amiga minha perdeu R$ 6 mil para um motoqueiro na porta da agência”, relata.
A delegada diz que a maior parte das vítimas são microempresários. “Eles retiram quantias para pagar funcionários. Eles deveriam abrir conta-salário para os funcionários e evitar saques”, afirma, dando a ideia para reduzir o número de ocorrências na Avenida do Medo.
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