Violência em Salvador: antes de se
tornar Kelly ciclone, era tímida
Houve um momento em que Kelly Cyclone
e Kelly Sales Silva existiram e lutaram entre si
dentro da mesma pessoa. Ao mesmo tempo
em que a musa do crime namorava traficantes e
exibia as 20 tatuagens espalhadas pelo
corpo em pagodões, a ex-bicho do mato da família
concluía o ensino médio e distribuía
currículos em busca de emprego.
Menos de dois anos antes de ficar famosa por ser
detida com outras 43 pessoas por participar
da festa do pó, na Boca do Rio, em fevereiro de 2010,
Kelly recebia seu certificado de conclusão do ensino médio.
O curso, assim como o ensino fundamental, foi
realizado no Centro Educacional Futura, no Rio de
Janeiro, na modalidade Educação de Jovens e Adultos a
Distância. A conclusão foi em 7 de outubro de 2008.
O melhor desempenho de Kelly foi em Física, que obteve
média 8. O pior foi em Sociologia, com nota final 5.
Desemprego
Antes mesmo de concluir os estudos, ela distribuiu
currículos e tentava emprego como digitadora, auxiliar
de escritório, recepcionista e serviços gerais.
Entre suas qualidades, ela apontou desenvoltura,
boa fluência verbal e dinamismo.
Cyclone
Esquecida a garota tranquila, a adolescente
criou seus personagens. Primeiro, Kelly Doçura,
depois Kelly Cyclone, com fotos empunhando
armas, roupas provocantes e tatuagens que resumem
sua história trágica.
A menina que gostava apenas
da companhia de suas bonecas, passou a curtir a
proximidade com a criminalidade e
foi seduzida pela vida bandida de traficantes.
O comerciante Antônio Carlos dos Santos Silva, 55
anos, atribui às más companhias os problemas com
os quais a filha se envolveu. “Sempre tentei
conversar com ela.
Mas nestas festas que ela ia tinha
muito drogado e muita influência ruim”, afirmou.
Sem grandes perspectivas, nos meses antes de
ser morta, Kelly Cyclone vivia com dinheiro ganho
como dançarina de pagode e com a mesada de R$ 300 do pai.
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